Dinheiro, finança e orçamento

O dinheiro, ou a finança, é uma criação relativamente recente na vida humana. Por meio de trocas (escambo) as pessoas resolviam suas necessidades de bens e de serviços. Trocavam-se serviços por mercadorias e mercadorias por mercadorias. Tributos também eram pagos com bens e com a prestação de serviços. Entre povos vizinhos e de comunidades próximas, o processo de trocas era eficiente. Com o crescimento da população e, principalmente, quando o comércio passou a se dar entre povos e nações, o mecanismo do escambo deixou de atender as necessidades.

        A criação do dinheiro resolveu o problema dos pagamentos e as trocas foram progressivamente abandonadas. A questão passava a ser a respeitabilidade do dinheiro e um emissor de moeda confiável significava que o seu dinheiro seria amplamente aceito. A difusão dessa forma de pagamentos ampliou os negócios em escala jamais vista.

A utilização regular do dinheiro estabeleceu a dimensão financeira na vida das pessoas e das organizações, privadas e públicas. Em qualquer âmbito, a condução das finanças exige cuidados adequados, seja sobre o que aconteceu, seja sobre o futuro. Cuidar das finanças do passado significa realizar levantamentos organizados sobre os eventos financeiros ocorridos. Sobre as receitas é importante conhecer a origem e o montante dos recursos recebidos, como se deu o fluxo das entradas no tempo e as diferenças em relação aos valores estimados/planejados. Sobre as despesas cumpre identificar os tipos e modalidades de gastos, os valores desembolsados e os desvios em relação ao planejado.  Tradicionalmente, a contabilidade fornece esses dados e, também, análises e interpretações sobre a situação das finanças, onde as dívidas ocupam lugar especial.

As finanças – renda, receita ou dívida, de um lado e gasto, despesa ou desembolso, de outro – constituem-se em meio para realizar projetos, viabilizar empreendimentos, cumprir metas e alcançar objetivos. Assim, o olhar para o passado significa, também, avaliar se as finalidades pretendidas foram alcançadas.   

A correta interpretação sobre o que ocorreu no passado será muito útil para planejar o comportamento futuro das finanças. Aqui, o principal instrumento de organização financeira é o orçamento. Este serve para prever receitas e despesas futuras, mas não apenas isso; sua principal finalidade é planejar o alcance de objetivos e finalidades, estabelecendo as aplicações (gastos) e identificando os recursos necessários. Assim compreendido e organizado, o orçamento é um plano de realizações demonstrado em termos financeiros. O balanço futuro representado pelo orçamento indica que os objetivos pretendidos serão viáveis e alcançáveis se as receitas e despesas ocorrerem de conformidade com o planejado.

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