Arcabouço fiscal: o que é? – 5
O Novo Regime Fiscal, mais bem
conhecido por “Teto de Gastos”, tem na simplicidade o seu maior mérito. Num
novo exercício, as despesas primárias devem corresponder ao valor realizado no
ano anterior corrigido pela inflação. O objetivo é evitar que as despesas
governamentais cresçam em termos reais, produzindo déficits primários e
aumentado o endividamento. Por outro lado, ocorrendo crescimento real das
receitas, os déficits seriam evitados e a consequente redução do endividamento
contribuiria para a diminuição das taxas de juros favorecendo o crescimento da
economia.
No orçamento federal, estima-se que cerca de 93% das despesas
primárias são de execução obrigatória. Grande proporção delas crescem como
consequência de disposições legais, constituindo ameaça permanente ao
cumprimento do teto de gastos. Normalmente, despesas discricionárias poderiam
ser sacrificadas para compensar o crescimento das despesas obrigatórios.
Resulta que, além de poucas, a maior parte das despesas discricionárias são, na
realidade, quase obrigatórias. É o caso, por exemplo, das despesas de
manutenção dos ministérios, autarquias, fundações públicas e empresas estatais dependentes.
No primeiro semestre de 2020, os efeitos da pandemia da
Covid-19 foram dramáticos, com o recuo do PIB chegando a 10,7% no período dos
dois trimestres. Nas finanças públicas, a pandemia se constituiu em duro teste para
o teto de gastos. A dívida pública passou de 52% para 87% do PIB, o déficit
primário alcançou 9,8% do PIB em 2020 e a inflação fechou em 10,1% em 2021. As
respostas do setor público às demandas provocadas pela pandemia precisavam
contornar as restrições colocadas pelo teto de gastos e a aprovação de emendas
constitucionais demandaram forte mobilização do governo e de maiorias
parlamentares.
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