“Orçamento secreto” – 6
O “orçamento secreto” de 2021
foi aprovado com valores menores que os do ano anterior. Foram apenas 32
emendas do Relator-Geral que somaram quase R$ 17 bilhões de reais (R$ 16
bilhões, 865 milhões de reais). Recordando, em 2020 o “orçamento secreto”
atingiu a cifra de R$ 20 bilhões de reais.
Construída ao longo do tempo e aumentada no período mais
recente com a obrigatoriedade de execução das emendas individuais e de bancada
estadual, a rigidez do orçamento federal torna bastante difícil encontrar
fontes de receita para financiar novas despesas inclusive estas criadas pelas
emendas de relator-geral. Essa dificuldade pode explicar a redução do
“orçamento secreto” de 2021 em comparação com o do ano anterior.
Em 2021, duas áreas foram contempladas com mais de oitenta por
cento dos recursos das emendas do Relator-Geral: Saúde, com 46% e Urbanismo
com 35%. Os quase R$ 8 bilhões de emendas em Saúde, como comentado
anteriormente, não são aplicações preferenciais dos parlamentares, mas se
impõem pelo compromisso constitucional de aplicações mínimas em serviços
públicos de saúde. Custeio dos serviços de atenção primária à saúde e de
assistência hospitalar e ambulatorial foram as duas ações custeadas com
praticamente o total dos R$ 8 bilhões de reais. Noventa por cento das emendas de
Saúde empenhadas foram pagas ainda no exercício de 2021, o que comprova
a necessidade desses recursos no setor e, também, de cumprimento da regra
constitucional.
Assim como ocorreu no ano anterior, em 2021 as emendas do
Relator-Geral na função Urbanismo também foram divididas entre as
subfunções Assistência Comunitária e Infraestrutura Urbana, em
montantes praticamente iguais: pouco menos de R$ 2 bilhões e 900 milhões de reais
em cada uma. Igualmente, como em 2020, esses quase R$ 6 bilhões de reais foram
consignados na ação 2217 Desenvolvimento Regional, Territorial e Urbano,
a cargo do Ministério do Desenvolvimento Regional. Na ação, os recursos se distribuíram
em dois subtítulos principais: Apoio a Projetos de Desenvolvimento
Sustentável Local Integrado e Apoio à Política Nacional de
Desenvolvimento Urbano Voltado à Implantação e Qualificação Viária. Uma
parcela menor de recursos (R$ 200 milhões de reais) foi alocada no subtítulo Apoio
a Projetos e Obras de Reabilitação, de Acessibilidade e Modernização
Tecnológica em Áreas Urbanas.
Ao contrário do que ocorreu com o pagamento das emendas na
função Saúde (90% dos valores empenhados), o pagamento durante o
exercício de 2021 dos valores empenhados na função Urbanismo foi de
apenas 0,42% (dos R$ 6 bilhões de reais empenhados foram pagos R$ 27 milhões de
reais).
Enquanto
as emendas destinadas à Saúde (atenção básica e atendimento ambulatorial
e hospitalar) fazem parte de programação já consolidada com beneficiários indicados
e parâmetros definidos e, por isso, são pagas no próprio exercício, a execução
das emendas do Relator-Geral classificadas na função Urbanismo, ainda
que haja parlamentares interessados e facilitadores, depende do
cumprimento de uma série de requisitos formais estabelecidos nas normas. Deve-se
ainda considerar que essas emendas são produzidas de maneira artificial no Congresso
Nacional e, portanto, estão descasadas das políticas públicas formuladas pelo
Poder Executivo.
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